Emudecido
o sopro que engole a madrugada.
Timbre de duas vozes proferido,
num som ecoado, percebido.
Nota a presença da nota,
no lado esquerdo seu norte.
Aporta o timbre sonâmbulo,
onde estaria seu ângulo.
Daqui sai a plácida melodia,
age com que meu corpo sorria.
Vibram as cordas dos nossos gritos,
concebidos em suaves gemidos.
O sopro da súplica do mundo,
corre por descampados surdos,
tropeça nas serras enclausuradas,
cai pelas encostas íngremes disfarçadas,
aporta no vasto oceano negro, desfasado.
Correm meus fluidos,
na busca do silêncio,
do grito da Fénix,
Ser sem exigir ser,
Ter não impondo ter!
Soa o sangue que me corre nas veias,
clama pelo som da tua seiva,
impregnada ao canastro meu, sem casco.
Unos na dualidade do mutismo de nossos corpos,
permanecer, ouvir a ausência de Som do Cosmos,
contemplá-lo,
na unidade de nós buscá-lo,
impregná-lo,
cantá-lo.
O mutismo melodioso,
prodigioso.