Serenidade

Sensibilidade...

27 janeiro 2008

Louca é tua ausência

(Foto de Serenidade)



Louca, vagueio entre a espuma nas esférulas dos sentires.
À deriva. Com bússola orientando meu norte,
transponho a bruma, obstinada, falaciosa no sorrir.
As gotas de orvalho aportam,
pergaminho remanesce enrugado,
consumido por caligrafias que se atropelam,
letras conjugadas numa pronúncia soluçante,
enegrecem o que almejam brilhante.
Alienada estou, na distância do teu corpo,
cercada, impregnada, na sublime afeição.
Deambulo entre os canastros por cortesia,
iludindo com sorrisos o pobre coração.
Louca, antecipo a noite,
adormeço aligeirando o alvorecer,
sonho com a leveza da luz do dia,
esperando, no crepúsculo,
em teus braços adormecer.
Louca, nos dias que insistem em dilatar,
alio letras, com minha muda voz,
inscrevo, a cloreto de sódio, o débil caminhar,
calcorreando a calçada que teima em dilatar.
Pergaminho amarrotado, bem delineado,
permanece na loucura de albergar o fado,
inquieto no mirar o desejado, determinado,
anseia a reprodução, visualizar a união.
Loucura do Amor em acção,
representação do nosso estimar,
que as montanhas reverenciam,
as gotas do oceano glorificam.
Comunhão vivida, bússola singular,
ostenta a pujança dignificante do nosso amar.





"A luz nasce igual para todos, uns vêem-na, outros há que a negam e ainda há os que a rejeitam."
Carla

23 janeiro 2008

Vento Sul


(Foto de Serenidade)

Ductilidade da crosta minha,
tão forte e evidente escasseia,
paira no ar a intimação,
competência e dedicação
não são mais valia!
Tempestade assombra,
céu escurece,
água salgada cai da fonte,
a revolta aparece.
Quero adormecer na impaciência
dos meus sonhos acordados.
Luz trémula corrompe os céus,
contraria a opulência das forças invasoras.
Sobreviverá,
remando contra o vento,
avidamente luzirá.



"Acreditar em algo e não o viver é desonesto."

Gandhi

19 janeiro 2008

Ilusório caos

(Foto de Serenidade)





Envolta numa corrente mesclada,
energia circundante, devassa, devasta o ânimo.
Ora é luz jovial, anestesiante, apaixonante,
Ora negra, material, deveras arrepiante.
Deambulando aqui e ali,
comédia matizada de ilusões,
teias embriagantes, incompreendidas emoções.
Extravagante é o sentir que invade o ser sem permitir,
a decisão do querer ficar ou simplesmente ir.
Concomitantes fios se enredam na alma,
formam tecido sedoso,
espinhoso no sentir,
macia subtileza na ausência do partir.
Teias confundem-se na amálgama colossal,
um Universo densificado na ilusão floral
do amanhã esperado, controlado,
pela mão divina, orientada,
espera que o corpo tem para si,
um jardim saboroso pessoal,
contíguo com o espinhoso do global.
Fantasia confiar orientação,
no enredo caótico da mente.
Bússola desnorteada,
não gozará o norte esperado.
Campo magnético há que definir,
manípulo transmutado em agulha há-de sorrir.
Ventura ansiada,
ser vivenciada.
O caos da teia dissolvido,
fios convertidos no novelo preferido,
ilusórias energias, conscientes,
mescladas, vivas e patentes,
comédia vivida, assistida,
na ilusória ilusão movida.





"Grandes realizações são possíveis quando se dá importância a pequenos começos."

Lao-tsé


15 janeiro 2008

Manto de doçura

(Foto de Serenidade)



Revisto-me com o manto do teu (a)mar,
apaziguante do calafrio da tua ausência,
a luz da Lua é o teu doce olhar,
na tua distante, contínua, permanência.

Em passos apressados na distância,
corro pelas horas que não se alteram,
viajo até teu peito na escuridão da noite,
confio que meus olhos nos teus adormeçam.

A ponte que nos une, diminuta na sua grandeza,
ostenta o encantador dom da mutação,
a vibração das partículas que nos envolvem,
na extensão do caminho, apazigua o coração.

Metamorfoseio os dias de obscuridade,
aclaro o rosto imbuído de nostalgia,
alimento os ramos que crescem desmesurados,
da procura última no teu abraço, a harmonia.

Transmuto os sulcos que o tempo tem gravado,
preenchendo-os com sorrisos serenos,
aguardam as horas que sejam acolhidos,
apaziguados com loucos afagos amenos.

Confundo o tempo com a representação,
que a devassa mente, busca no coração,
fantasio na noite, pós o longo dia,
apraz-me saber-te meu luar na escuridão.

"Se plantaste, espera. Confia com paciência e sem pressa. Não arranques a semente todos os dias para ver se já está nascendo"

Yogananda



11 janeiro 2008

Lenda ondulante

(Foto de Serenidade)

Palavras tuas voam ao meu encontro,
tocam o silêncio da minha inútil dor,
na noite da tua remota ausência,
fantasio estéreis sentenças de louvor.

As letras que nos unem perduram,
num tempo sem tempo para existir,
distante está o pergaminho inscrito,
proclamando brilhante júbilo do devir.

Perduram as pontes apartando os corpos,
unem a contínua loucura da fantasia,
construída por milhafres sobrevoando,
sereno mar que me abonava de harmonia.

As gotas unidas no enorme tapete ondulante,
unem na lonjura insanas armaduras,
afronto o perdurar da mágica aliança,
inundando o oceano aparentes doçuras.

Volto ao ventre do início do hibridismo,
água melosa, salgada, abundante,
circulou meus pés, no meio das letras,
alinhou a lenda que perdura brilhante.


"É sempre sinal de força dizer as coisas gentilmente, e é sempre a fraqueza que explode em indelicadezas."
A. M.

06 janeiro 2008

Invento alquímico

(Foto de Serenidade)





A noite se fez dia,
no trilho tortuoso se avistou a harmonia.
Avançado vai o dia, o caminho,
pedras palmilhadas com carinho.
A ausência de mim disfarçada pelo sorriso,
vista, deambulando, na brisa do abismo,
colhida nas ternas ondas corpóreas de um maravilhoso Ser,
logo se avistou o porto almejado, não um parecer.
A luz perdura na clara ausência de um raio,
tempestade tomou o percurso contrário,
nuvens carregadas, longínquas lamúrias,
gotas de água salgada, adocicada na astúcia,
engenho de um lado esquerdo ameigado,
no seu par acolhido, encarcerado.
Voz muda ecoa no âmago da seiva elaborada,
no bem-querer da noite, iluminada,
nos teus ramos construir o ninho,
nutrir a ventura encaminhada por um anjinho.
Datei o dia em que a noite se fez dia,
assinalei no lado esquerdo a sentida alquimia.
O tempo percorrido no querer perdurar o sentir,
noite e dia caminhar no sorrir.
Hoje, a noite é luzidia,
o dia uma serena harmonia.
O tempo passado desde a vereda marítima,
são histórias inscritas nas ondas da alegria.
O mar bonançoso nosso confidente
as gaivotas voando serenamente,
O dia prodigioso, na pioneira noite, depositara a sorte,
oceano nossa unicidade, o norte.
A noite se fez dia,
até os astros sorriem.





"Vive o que até ti vem. O que parte deixa ir. A vida é a certeza de que nada é permanente, mas tudo está certo. Nada acontece por acaso."
Carla

01 janeiro 2008

Ser o fluir

Rio Olo
(Foto de Serenidade)



Agitam-se as águas que correm apressadas,
galgam a bruma de uma noite abençoada.
Flúi a correria do Sol alto, quente,
nas veias o sangue eloquente,
um querer sadio, na noite viver a luz,
olhar que toca o coração, seduz.
Descem a encosta, aprisionadas,
no semblante o serem amadas,
águas cristalinas arredias,
formam cristais luzidios,
reflexo de temores cativos,
de um ontem vivido.
Hoje, o receio do antigo repetido.
Pendem gotículas vítreas,
alegria transfigurada em harmonia.
No céu a fonte, Deuses em exultação,
desvendam a serena emoção,
felicidade ambicionada só, em ti, encontrada,
nas águas alheias ilusão emanada,
efémera fortuna vivenciada.
Agita teus fluidos,
permite que sorriam,
pelo teu ser em evolução,
amar com coração.
Todo o ser que te faz frente,
aquele que se mostra ausente.
Fantasia de teu olhar,
a inexistência do amar.
Unicidade é evidente,
o Amor presente.








"Vive o agora como o amanhã não existisse, sem expectativas não há desilusões, tudo o que até ti chegar será vivido com feliz emoção!"
PAZ




Recebi com imenso prazer o prémio "Escritores da Liberdade" da querida amiga Juli Ribeiro.

Este prêmio foi criado pelo blog Batom cor de rosa que explica assim sua intenção:"Todos temos blogs pelo fato de gostarmos de escrever. Por prazer, profissionalismo, ou qualquer motivo pessoal. E a maioria gosta de escrever para liberar algum sentimento profundo, seja ele bom ou ruim. Escreve para se encontrar, para analisar a situação depois de algum tempo, ou naquela mesma hora, e também por essa paixão de por tudo no papel. E estou chamando esses blogueiros de Escritores da propria liberdade. Escritores sim, mesmo que amadores, que escrevem suas emoções, que não guardam tudo para si. Que compartilham tudo com pessoas muitas vezes estranhas(entre as conhecidas)... Escritores que admiro muito, por vários motivos, que se destacam de um jeito único, para cada uma das pessoas que os conhecem. Blogueiros que publicam a sua liberdade de expressão."
Repasso este prémio aos bloggers:

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