Serenidade

Sensibilidade...

25 março 2008

Nada é por acaso


(Foto de Serenidade)


Atiradas às intempéries do caminho,
germinaram pós tempos no seu ninho,
pé ante pé pretenderam atingir o céu,
esqueceram que a Torre de Babel desapareceu.
Nas invernias germinaram,
pelas tempestades passaram.
Algures no tempo, quase desfaleceram,
a vida esvaziou-se da luz, que esqueceram.
Nas veredas de uma calçada magoada,
olharam o horizonte com visão extasiada,
cruzaram-se os passos de vidas perdidas,
olharam-se passados de sendas vadias,
avistaram-se projectos há muito sonhados,
traçaram-se linhas com novelos enleados,
O gérmen começou a apontar o destino,
encetando as veredas de um novel caminho,
mãos dadas nos desequilíbrios que aportam,
olhos enublados e fortalecidos acordam,
visualizam o risonho das paredes do seu lar,
na presença da grandiosidade colossal do amar,
compactuam na qualidade do rumo serpenteado,
que os direcciona ao leito muito amado,
qual rio que esfaimado corre acelerado,
repousando no mar, finalmente, aconchegado.
É ver os frutos espantosamente avultarem,
pelo mais sublime mantimento, por se amarem.


"Temos mestres para nos ensinar a falar... precisamos dos que ensinam a calar."

Thiaudiere

21 março 2008

Renasci


(Foto de Serenidade)


Adormeci,
sem forças, com amor, faleci!
Permaneci estática na penumbra,
procurando o alento que deslumbra.
No horizonte morava a escuridão,
de nada servia a compaixão.
Os fluidos frios me maltratavam,
julgando que me acariciavam.
O leito das partículas terrosas,
revelando-se, desajeitadamente, amorosas.
Adormeci,
no escasso calor dos dias, em que noite não saía,
procurei o ânimo que no meu âmago previa.
Despertei, nos intervalos, sem invernia,
reuni um sorriso para tempos que antevia.
Reinicie a procura dos raios delicados,
no interior do meu ser, por mim, mal amado.
Na noite adormeci, aconchegada ao coração,
desejando que, mãe terra, me aconchegasse com emoção.
No seu leito armazenei o bem mais precioso,
de todo o mais amoroso.
Adormeci,
com forças renovadas renasci,
qual borboleta, que de desengraçada larva,
se metamorfoseia no mais belo ser alado.
Brotei do ventre que me acolheu,
cuidando que por mal amada me acolheu.
Ressurgi vem devagar, de mansinho,
acolhida pela envolvência terna com carinho.
Brotei, alimentada no mais nutritivo amor,
Que aqueles, que me amam, me facultaram com fervor.
Luzidia, resplandecente, vou ao encontro do céu,
de mão dada com o afecto que é meu e todo teu.

"O que se faz de grande faz-se em silêncio."

Erik Geijer

17 março 2008

Neste dia ...

(Foto de Serenidade)

A vida dá maravilhosas prendas,
neste dia de felicitações,
dou-te minhas doces palavras,
que traduzem as minhas emoções.

Dou-te letras conjugadas,
palavras do meu amor,
limitadas na capacidade
de evidenciar todo o calor.

A vida deu-me maravilhosa prenda,
dou-te o que a mais alguém dou,
dou-te meu amor com serenidade,
dou-te felicitações na voz que, na emoção, calou.



"O Amor é a prenda mais maravilhosa que poderias dar e receber..."



13 março 2008

Sentir, sentir, sentir

Rio Olo
(Foto de Serenidade)


O destino que me ocupa,
a mente que não me larga,
a criança grita por socorro,
a alma me aconchega e ama.

Emprego a força do ânimo,
contrariando a correnteza do rio,
que teima em subir à fonte,
impedindo o fluir do sorriso.

Julga o pensar ser detentor,
da certeza absoluta da existência,
o sentir é o verdadeiro senhor,
da certeza ser a impermanência.

Que o pensamento flua livremente,
com margens agrestes bem delineadas,
que o sentir seja vivido honestamente,
sem nunca se sentir culpado.


...Sente com o coração, não com a razão...que se torna ilusão...

Teci o Céu com estrelas


(Foto de Serenidade)


Teci um manto de estrelas,
uni-as com fio de mais puro ouro,
colhido no rio que fui,
fruto do nosso amor, que sorriu.
Quererás tu ser protegido,
com meu manto luzidio, de ternura imbuído?!
Quererás meu manto de prata, tecido com a chama ardente do luar?!
Quantas luas terão passado na certeza de te amar?!
Muitas na plenitude. Poucas, nesta curta existência que ilude.
Muitas passarão em que teus braços me aconchegarão.
Poucas permitirei sentir, a distância, a frívola solidão.


"A noite cobre-me com seu manto de ilusão... a consciência da ilusão é o primeiro passo para a mudança nos pensamentos e consequentemente a realidade..."

11 março 2008

A cura é o Amor


(Foto de Serenidade)


Aperta a apertada courácia,
qual espinhoso arame farpado,
agonizando a grandeza da alma,
sentindo-se deveras mal amado.

Dói a dor que não se vê,
ferida que corrói o coração,
arquivo mental, antes arrumado,
é agora fortaleza, sem razão.

Aperta o lado esquerdo,
pequeno se converte, na agonia,
observa maravilhado o que a vida tem,
apenas ambiciona harmonia.

Dói a dor sem coerente razão,
que outrora um véu ofuscou,
hoje sai à rua a toda a hora,
exibindo a mágoa que aprisionou.

Aperta minha mão, conduz-me na vida,
liberta-me desta imensa dor,
mostra a probidade da tua alma,
cura minha ferida com teu Amor.



"Não tenho nenhuma coragem, mas procedo como se a tivesse, o que talvez venha a dar o mesmo."
Gustave Flaubert

Na cidade do sorriso

(Foto de Serenidade)





Os deuses iluminaram as pedras da calçada,
as estrelas luziram antes do anoitecer.
a Lua baixou seu manto prateado sobre os amados,
a ilusão da solidão revolta-se no aparecer.
O caos vivido apresenta um princípio simples,
a luta entre o bem e o mal parou, se é que existe,
tudo cessou na louca correria que persiste,
o Universo compactua na simetria que se assiste.
A pele toca-se, os olhos incandescem,
a voz sai arredia, a tropeço, os gemidos acontecem.
Cultiva-se a loucura do Amor,
alimentam-se os desejos da paixão,
engrandece-se o culto do prazer,
acaricia-se, incansavelmente, o coração.
Descobre-se que o sentido último desta existência,
é sentida em permanência.
Na tua vida ao lado de quem amas
e na sua solitária ausência.
Evoca o Amor, sua superioridade na paixão,
que desvanece conhecendo a solidão,
a necessidade, se torna obsessão,
do Afecto que não existe por ti, sem razão.
Inevitável é a fuga dos sentidos,
o Amor, na sã acção, dos tempos idos.
Hoje, o lar, qualquer que seja é benfazejo,
os amantes que no luar satisfazem seus desejos.
O meu sentido nesta existência está na terra do sorriso,
onde fui acolhida como filha e mulher querida.




"A sabedoria consiste em saber que se sabe o que se sabe e saber que não se sabe o que não se sabe."

Provérbio chinês

06 março 2008

Na procura de mim, encontrei-te

(Foto de Serenidade)




Os passos não dados, no tempo em que a distância é agonia,
se tornam monstros solitários, na partida do dia, na chega da noite,
na espera desejada da tão requerida harmonia.

Os passos apressados nos passos dados,
apressam a inquieta inquietação,
cruzarem aqueles por mim amados.

Os passos que me impeço de presentear na procura de mim,
são amarguras aprisionadas no lado esquerdo sentido,
na requerida felicitação da oferenda de gestos de alegria afim.

Os passos que dou, que dei, na tua, minha, direcção,
são sementes que brotam em cada dia primaveril,
pós Inverno que deixou marcas de felicidade sem fim.










"...a vida pulsa e o coração se sustém..."

Carla

01 março 2008

Contracorrente

(Foto de Serenidade)



Apodera-se o cansaço,
sinto-o como um fracasso.
Coração o corpo contraria,
lado esquerdo, apenas sente alegria.
Canastro densificado,
espírito amargurado.
Batalha não vencida,
vida que se ambiciona luzidia.
Apodera-se o céu carregado,
círio, pelas cinzas nuvens, ofuscado.
Rio de salgado licor,
corre sem qualquer sabor.
Fonte oculta, latente,
não quero mais presente.
Vai para longe fel bilioso,
vem doce mel harmonioso.
Vibra em mim, o Cosmos, sua melodia,
no baú das leis da próspera alegria.
Gritam os átomos que tudo o que queremos,
concretiza-se pelos pensamentos que no presente tracemos.
Apodera-se no canastro a fraqueza,
alma liberta-se, das grilhetas, com sua beleza.
Expressiva na forma de ser,
atira para longe o negro que aparecer.
Vem luz, energiza o corpo,
que de denso se tornará luminoso.
Afasta mente, as cenas não almejadas,
incumbe-te sentir os sonhos ambicionados.
Afasta coração, a dor de outrora,
abrilhanta-te com o Amor de agora.

"Os dias prósperos não vêm por acaso. São granjeados, como as searas, com muita fadiga e com muitos intervalos de desalento."

Camilo Castelo Branco

Free counter and web stats